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sábado, 9 de janeiro de 2010

O que foi isso?

Postado por Caio Monteiro
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Hoje fiquei um pouco chocado com a notícia. Realmente, achei que não tinha entendido direito quando o apresentador do Jornal Nacional deu a machete "Onibûs da seleção de Togo foi metralhado". Quando vi que tinha entendido direito, e a manchete realmente era aquela, fiquei meio chocado, parecia mentira, e do jeito que eles falaram, achei que tinha morrido um monte de gente. Depois vi que não. Ai pensei, as vezes não foi isso tudo que falaram.
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Mas agora vendo as imagens no Jornal da Noite e lendo a entrevista do Adebayor, fiquei relamente chocado com o que ocorreu. Parece coisa de cinema, cenas que só vemos em filme, e por pouco as coisas não terminaram de forma muito pior. Daqui a pouco, os clubes não vão liberar mais jogadores para suas seleções, dependendo de onde for a competição. Inclusive já se notíciou que já tem clube pensando em pedir que os seus jogadores voltem imediatamente.
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Cabe ressaltar também, o grande papel a o serviço que fez a segurança dos jogadores, como o próprio Adebayor disse, se não fosse eles, não tinha sobrado nada, eles fizeram um grande papel.
Deixo aqui a entrevista do Adebayor, jogador do Manchester City e maior estrela da seleção de Togo. Ela foi publicada no portal de notícias de esporte da globo, e da um pouco da dimessão do ocorrido.
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"Atletas decidem neste sábado se jogam ou não "
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Acho que muitos jogadores querem ir embora, não acho que eles queiram mais participar deste torneio porque já vimos a morte. Vamos ter uma reunião esta noite, cada um vai para seu quarto descansar e amanhã pela manhã (sábado) vamos tomar uma decisão que seja boa para nossas vidas.
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" Como se deu o atentado "
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Vimos militares vestidos como se fossem para a guerra, foi um pouco chocante no início. Mas pensei: "Tudo bem, é normal, para a segurança, somos jogadores que estamos aqui para um grande torneio, como embaixadores africanos, então é normal a atenção com a segurança. Passamos pela fronteira e entramos em Angola. Não sei, uns 5 km mais à frente começamos a ouvir tiros no ônibus, sem razão alguma. Ao fim, tínhamos vários feridos. Um de nossos goleiros reservas levou um tiro. Nosso assessor de imprensa foi ferido. Ele nem sequer está consciente no momento, não sabemos se vai sobreviver ou não."
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"Momentos de terror "
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Esperamos escondidos por 30 minutos porque o ônibus não tinha como partir. Nosso motorista estava morto. Ele tinha o volante nas mãos, mas havia morrido. Depois, chegaram sete ou oito utilitários 4x4 e tivemos de saltar do ônibus para entrar nos carros.
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" Adebayor carrega vítimas até o hospital"
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Foi como se ainda estivéssemos vivendo num sonho. Fui um dos que tiveram de carregar os feridos para dentro do hospital. É nessas horas que você se dá conta do que realmente está acontecendo. Todos estavam chorando e chamando pela família. Acho que aquele foi o pior momento do dia.
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"Atentado mancha a imagem da África"
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São coisas que a gente continua falando, repentido. Na África, temos de mudar nossa imagem se quisermos ser respeitados. Infelizmente, isto não está acontecendo. Temos uma chance com um dos maiores eventos do planeta, a Copa do Mundo. Pode imaginar o que está acontecendo? Eu estou acabado, e não sei... é injusto." Elogio à equipe de segurança de Angola "Para ser honesto, sem a segurança (dos militares angolanos) não estaríamos aqui falando. Talvez vocês estivessem falando sobre o meu corpo morto. A segurança fez seu trabalho muito bem.
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" Indignação por não entender o porquê do ataque"
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"O que não entendemos é por que eles atiraram em nosso ônibus, essa é a questão agora. Ninguém encontra um motivo para isso. Não foi apenas um cara, ou dois, atirando no ônibus. Você pode imaginar? Estivemos no meio daquilo por 30 minutos, talvez até um pouco mais. O silêncio no ônibus foi inacreditável. Não sei se sou um alvo ou não, mas sei que o meu país é um alvo. Só não sei por quê." (Nota: o grupo que assumiu a autoria do atentado luta pela independência da província de Cabinda, local do incidente)
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"Incerteza sobre o fim do pesadelo"
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Eu ainda estou chocado porque eu não sei se isso de fato cessou ou se ainda somos o alvo."
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Imagina como não vão reforçar a segurança para Copa deste ano.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

C.A. Paulistano, os "Reis do futebol".


Postado por Rafael Carlos

A história deste grande e saudoso clube do futebol brasileiro começa com três personagens: Renato Miranda, Olavo de Barros e Sílvio Penteado que assistiram, no Colégio Mackenzie, uma partida de futebol do time da citado colégio contra o Internacional de São Paulo, e ficaram estusiasmados. Assim, começou a nascer a idéia de se criar uma nova equipe de futebol que fosse para brasileiros e que representasse a cidade que viviam.

 
Foto do Paulistano, em 1901. 

No fim de dezembro de 1900, na rua São Bento, nº5, houve a reunião que selou definitivamente a fundação daquele que seria o maior time do país no seu tempo. Como um dos fundadores da Liga Paulista, o Paulistano disputou todos os campeonatos por ela promovidos até 1912.


Paulistano, campeão paulista de 1905. 

Em 1913 ocorre a primeira cisão das ligas, e o Paulistano liderava a criação da APEA. Na verdade, a equipe discordava da popularização que o esporte estava sofrendo com o surgimento de clubes como Corinthians e Ypiranga. Em 1915, houve a desapropriação do terreno do Velódromo, o Club Athletico Paulistano ficou sem sua sede esportiva. Foi então decisiva a ação de um dos sócios fundadores, Manuel Carlos Aranha, neto, o Carlito Aranha que, juntamente com um grupo de rapazes, conseguiu que o time do Paulistano não acabasse.




Paulistano, em 1916. 

Um novo terreno foi adquirido no Jardim América, entretanto o Paulistano não possuía, de imediato, local para seus treinos. Carlito Aranha pediu emprestado os campos do Palestra Itália e do São Bento e, graças à sua iniciativa, a equipe de futebol do Paulistano pôde participar dos campeonatos. Por fim, em 1917, foi inaugurado o novo campo do Paulistano, o Estádio Jardim América. Em 1916, a LPF é extinta e a liga criada pelo Paulistano continuou forte de prestigiada. O Paulistano sagrou-se tetracampeão, em 1919, apesar de toda crise pela qual passava.


Paulistano, em 1919.

Em 1926 o futebol começava a partir para o profissionalismo e o Paulistano, fiel às raízes amadoras do esporte, foi contrário e fundou uma nova liga, a Liga dos Amadores de Futebol (LAF). A liga durou até 1929, quando o time resolveu fechar seu departamento de futebol.


Paulistano, em seu último ano de existência, 1929.

Após ser campeão do último campeonato que disputou, o Paulistão de 1929, O time do Paulistano fez sua derradeira apresentação em 15 de dezembro de 1929. Em seu pequeno campo, o Estádio Jardim América, com bom público no dia, o Alvirubro jogou grande partida, impondo um 6x1 sobre o Antarctica Futebol Clube (que mais tarde teria grande importância para o legado futebolístico do Paulistano), com gols de Mílton (4), Friedenreich e Luizinho para o mandante, e Spitaletti para o time da Moóca.

Sua última formação fora Nestor; Clodô; e Bartô; Romeu, Rueda e Abate; Luizinho, Joãozinho, Friedenreich, Milton e Zuanella.

Fora o canto do cisne e uma digna e grandiosa despedida para o gigante Paulistano.

Quando saiu dos campos, o Paulistano era disparado o melhor time do estado. Tinha onze títulos contra sete do Corinthians e três do Palestra, além de ter contado com Arthur Friedenreich que foi seu artilheiro por seis vezes. É até hoje, 2009, o único tetracampeão consecutivo do Campeonato Paulista (1916 a 1919, sendo que mantém em sua sala de troféus as duas taças oferecidas pela APEA).


Friedenrich, ídolo do Paulistano e do futebol brasileiro, em foto de 1921.

Fato memorável do clube foi a excursão da equipe de futebol à Europa em 1925, graças à iniciativa do presidente do clube, Antônio Prado Júnior. A equipe disputou dez partidas na França, Suíça e Portugal, perdeu apenas uma das partidas e logo após o término da primeira, vencida com o placar de 7 x 2 sobre o selecionado francês, os brasileiros foram denominados pela imprensa francesa por "Les Rois du football". Algumas das bolas utilizadas na Europa estão na sala de troféus do clube, além de muitos documentos textuais e iconográficos que permitem conhecer com mais profundidade a riqueza de tal feito futebolístico.


Equipe que venceu o Stade Français por 3 a 1. 
Em pé: Antonio Prado Junior - Orlando Pereira - Amphilóquio Guarisi Marques (Filó) - Mário Andrada e Silva - Arthur Friedenreich - Durval Junqueira Machado - Ernesto Pujol Filho (Netinho) - Mariano Procópio e Juan Mestre Alijostes. Agachados: Bartholomeu Vicente Gugani - Sérgio - Nondas - Júlio Kuntz Filho - Francisco Abate e Clodoaldo Caldeira.

 EXCURSÃO DO PAULISTANO À EUROPA EM 1925

15/03/1925 Paris - Paulistano 7 x 1 Seleção da França
22/03/1925 Paris - Paulistano 3 x 1 Stade Français
28/03/1925 Cette - Paulistano 0 x 1 Cette
02/04/1925 Bordeaux - Paulistano 4 x 0 Bastidienne
04/04/1925 Havre - Paulistano 2 x 1 Havre/Normandie XI
10/04/1925 Strasbourg - Paulistano 2 x 1 Strasbourg
11/04/1925 Berna - Paulistano 2 x 0 Auto Tour
13/04/1925 Zurich - Paulistano 1 x 0 Seleção da Suiça
19/04/1925 Rouen - Paulistano 3 x 2 Rouen
28/04/1925 Lisboa - Paulistano 6 x 0 Seleção de Portugal

Pode-se considerar que o Paulistano abriu as portas do continente europeu para o futebol brasileiro. Tanto que nos anos trinta alguns brasileiros foram representar o futebol europeu, principalmente na Itália. Houve o famoso Anfilogino Guarisi, Filó, que não só jogou em time italiano, como representou a Itália na Copa de 1934, sagrando-se campeão mundial.


A multidão aguarda ansiosa a atração do Flandria navio que trazia de volta para casa os ''Reis do Futebol'', em 12 de maio de 1925.

Após o fechamento do departamento de futebol, uma grande parte de seus jogadores e alguns membros da diretoria fundaram o que é hoje o São Paulo Futebol Clube.


Homenagem do São Paulo FC aos 100 anos do C.A. Paulistano, em 2000.

O Club Athletico Paulistano conta com times de diversas modalidades esportivas amadoras, possuindo a única quadra no Brasil de pelota basca e gerou a Sociedade Harmonia de Tênis. É até hoje um dos clubes mais caros e exclusivos do Brasil.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Alumni Athletic Club, o fim de uma equipe e o início de um mito.

Postado por Rafael Carlos

As primeiras equipes a participarem de campeonatos de futebol realizados na Argentina eram de clubes ou escolas que pertenciam à comunidade britânica local. Em 1900, Alexander Watson Hutton organizou o Club Atlético English High School, formado por alunos e ex-alunos do colégio que criara, e conduziu a equipe ao título da temporada, com um ótimo aproveitamento: cinco vitórias e um empate.

No entanto, naquele mesmo ano a Argentine Association Football League (entidade que comandava o futebol argentino) deliberou que os colégios que quisessem participar dos torneios sequentes deveriam alterar o nome para evitar que a vinculação com o futebol soasse como propaganda comercial do estabelecimento de ensino. O English High School deixaria de existir.


Foto de 1900, ainda com o nome de English High Scholl.  
Em pé: McEwen (referee), Carlos Carr Brown, Alejandro Watson Hutton (director of the English High School), Armando Coste, Diego Brown, and Walter Buchanan. Sentados:  Guillermo Jordan, Tomás Brown, Andres Mack, Ernesto Brown and Eugenio Moore. No chão: Juan José Moore, Spencer Leonard and Heriberto Jordan

Com isso, o jogador e ex-aluno Carlos Bower sugeriu o nome Alumni para a equipe, pois era o nome que se dava às associações de antigos alunos organizadas geralmente com objetivos beneficentes nos Estados Unidos, país onde estudara. A sugestão foi aceita por unanimidade.
 
Em seus 11 anos de existência, o Alumni ganhou 10 campeonatos nacionais e 7 copas (1 Copa de Honor e 6 Copas Competencia), além disso, foi a primeira equipe argentina a derrotar um time da Inglaterra, que era a potência futebolística da época, por razões óbvias.


Alumni em 1903.   
Em pé: Jorge Brown, Patricio Dillon, Carlos Carr Brown, Juan McKechnie, Carlos Buchanan, Ernesto Brown, and Roberto Rudd (referee). Sentados: Walter Buchanan, Juan José Moore, Andrés Mack, Spencer Leonard, and Eugenio Moore

Em 1908, o Alumni foi reorganizado com o objetivo de divulgar e praticar todos os tipos de esportes, em especial o futebol. Foi a última tentativa para deixar de ser apenas uma equipe e tentar crescer como clube, como aconteceu com o Lomas, Belgrano e Quilmes.

Mas era tarde demais... uma combinação de fatores- um certo caráter elitista, indiferente ao apelo popular; a prática de destinar o dinheiro arrecadado para obras beneficentes ou para a própria Liga, e não para o clube; o tipo de jogo mais forte que começava a ser imposto pels demais equipes; o amadorismo marrom (recompensa financeira disfarçada) praticada pela maioria dos clubes; a falta de campo próprio; e a cisão entre as Ligas que organizavam os campeonatos- acabaram acelerando o seu final.


 Alumni A.C., foto de 1910


A última partida do Alumni aconteceu em 26 de Novembro de 1911- ano de seu último título, por sinal. Tempos depois, entre os dias 18 e 24 de Abril de 1913, o jornla "La Nación" publicou o seguinte anúncio na seção "Sociedad y Compañías": "Alumni A.C. se cita a los señores socios a asamblea general con fecha de 24 del corriente, en el local de la A.F.A, calle Maipú 131, a las 9 pm, para tratar la disolución del club y autorizar a la C.D. para distribuir los fondos de acuerdo con el reglamento."

Era o fim de uma equipe e o início de um mito!!

Campanha do Alumni (contando os anos como English High Scholl), ano a ano:

1893 - 4º colocado entre 5 times
1895 - último colocado entre 6 times;
1900 - Campeão.
1901 - Campeão
1902 -Campeão
1903 - Campeão
1904 - Vice-campeão
1905 - Campeão.
1906 - Campeão.
1907 - Campeão.
1908 - Vice-campeão.
1909 - Campeão.
1910 - Campeão.
1911 - Campeão.

Mesmo tendo participado de apenas 14 campeonatos, considerando os 1893 e 1895 no qual teve uma participação meramente simbólica, o Alumni é a 6ª equipe mais vitoriosa do futebol argentino, em campeonatos nacionais considerando a era amadora e profissional, atrás apenas dos considerados 5 ''grandes'': Boca, River, San Lorenzo, Racing e Independiente.

Definitivamente, o Alumni foi uma equipe que, mesmo com pouco tempo de existência, escreveu um capítulo importante na história do futebol argentino e mundial.


Fontes:
Brasil x Argentina; Histórias do maior clássico do futebol mundial (1908-2008). Newton César de Oliveira Santos. Editora Scortecci. 2009.

Alumni, cuna de campeones y escuela de hidalguía. Ernesto Escobar Bavio, 1953.